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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Tertúlia em Verín

O pano de fundo era o Entrudo. É o carnaval, que está mesmo à porta, o manancial de costumes e tradições associados a esta época festiva.

Anfitriões, o Fórum Galaico – Transmontano e a Associacion Cigarrón.
A imagem de fundo foi Verín. Verín tem tradição, tem costume, cor, sons e odores de carnaval.
Mas foi muito mais do que Entudo… foram deliciosos momentos, a debater, a falar de cultura.
Falou-se de cultura, da cultura galaico transmontana, de eurocidadania, de episódios e estórias dos tempos da fronteira, desse marco artificial, que para estes povos vizinhos, o bairro Norte e o bairro Sul, da eurocidade Chaves – Verín deve ser esbatido para um melhor futuro deste povo.
Apenas um lamento e um desabafo… a fraca participação e interesse da população, inclusive associados das associações promotoras do evento neste acontecimento.
 Fazendo agora um pequeno resumo do que foi dito e feito na tertúlia, foram intervenientes principais, Luís Carvalho, vice – presidente do Fórum – Galaico Transmontano, Juan Manuel González, mais conhecido por «Checa», que actualmente preside à Associación Cigarrón, Juan José Carnero (Juanjo), um dos responsáveis pela Eurocidade e Federico Justo Mendéz, nosso distinto Delegado do Fórum em Verín (e Galiza).
Primeiramente falou-se da tradição do entroido em Verín e do papel da Associación Cigarrón para o enraizamento desta festividade na região de Verín, um dos vértices do triângulo mágico do carnaval, aqui na região, em conjunto com Laza e Xinzo.
Um dos factores agregadores é o traje. Algumas características:
É um traje artesanal, todo feito à mão, com cerca de 30kg de peso; demora cerca de 1 hora para se vestir (pode assistir em directo, através de videoconferência ao acto de vestir o cigarrón, dia 21 de Fevereiro, às 20 horas, no sitio da internet http://www.borysmartinez.es/).  
A careta é feita de madeira de vidoeiro ou de amieiro, medindo entre 12 e 17 cm;
A mitra é feita de alumínio pintado, ornamentado com animais autóctones; a jaqueta é bordada com fio de ouro e prata verdadeiro, composta ainda por uma faixa sobre a qual é colocada uma cintura com chocalhos, meias brancas bordadas.
Actualmente, só 20 pessoas, todos os anos se dedicam a fazer os trajes do cigarrón, cujo custo total ronda os 2 500 Euros.
Todos os anos o Cigarrón, sai à rua pela primeira vez no dia de Santo Antão (17 Janeiro). Dado o valor dos trajes o Cigarrón só pode sair à rua se tiver a bênção do S.Pedro, porque os mesmos trajes são compostos por peças que não podem ser lavadas.
Porém, os dias principais são o do «Corredoiro» (este ano a 27 de Fevereiro) e o do «Entroido» (uma semana depois).
Seguidamente, foi apresentado pelo Dr. Juan Carnero o projecto da Eurocidade, Eurocidade da água, projecto no qual, o Fórum se enquadra perfeitamente na sua missão, na vertente cultural. Neste projecto, entram Verín, o bairro Norte e Chaves, o bairro Sul.
Estes eventos culturais, como este que co –organizamos com a Associacion Cigarrón, atendem por completo os objectivos da Eurocidade, fortalecendo a eurocidadania cada vez mais.
Não nos esticamos nesta parte, embora a comunicação tenha sido extremamente proveitosa.
Porém, há que estreitar laços e aproveitar as possibilidades – A Eurocidade Chaves – Verín é já uma realidade, tiremos proveito disso. Há mais 4 ou 5 eurocidades no espaço europeu que funcionam numa boa simbiose, retirando bastantes proveitos, façamos o mesmo.
É sempre de dar uma olhadela ao sitio da Eurocidade na internet, em http://www.eurocidadechavesverin.eu/
Depois falou-se simplesmente de cultura, da transmissão cultural, dos povos de Trás os Montes e da Galiza. Algumas ideias transmitidas por uma personalidade que nos delicia com a sua sabedoria e conhecimentos, o nosso distinto delegado, Federico Justo Méndez  : “Todos somos mensageiros… O Fórum, é mais um elo nessa cadeia de transmissão cultural… somos poucos, mas aos poucos, levaremos a água ao moinho… Jesus começou com 12 apóstolos e dominou o mundo.” Esta ideia mostra que o Fórum está a crescer, a criar raízes, estende raízes em Chaves, em Verín, e futuramente abarcará outros pontos da Galiza e de Trás-os-Montes.
Falou-se em esperança para o futuro, pela linha da unidade dos povos, que um dia quis o tempo e as peripécias da História se tivessem separado, todavia a realidade é outra: “Portugueses na Galiza não são estrangeiros, são galegos, e, galegos em Portugal são portugueses”.
Por outro lado todos uma missão:
“O velho é uma enciclopédia, o velho tem muito que ensinar; o novo tem muito que aprender, a cultura é a coluna vertebral dos povos, através dos costumes, das tradições. Um velho se calhar não sabe ler nem escrever, mas é uma enciclopédia; tem conhecimentos naturais, … "
A cultura não tem fronteiras, a cultura somos todos, cada um é mais um.
No fim, para terminar a jornada, todos reunidos à volta da mesma mesa, cada um contou estórias, histórias de cada umum momento, outro momento que foi uma delicia… só para  quem aprecia, uma boa dose de convívio e mesmo que um bocadinho só, de cultura.