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segunda-feira, 8 de junho de 2015

Homenagem a José Baptista e Barroso da Fonte



O município de Montalegre, no último dia da XVI Feira do Livro, rendeu homenagem a José Dias Baptista e Barroso da Fonte, dois autores locais que assinalam 50 anos de vida literária. Um momento que fechou, com chave de ouro, dias de intensa atividade cultural. Orlando Alves, presidente da autarquia, classificou a cerimónia como «um momento alto» todo ele «carregado de simbolismo».

O fecho da XVI edição da Feira do Livro de Montalegre ficou marcado pela homenagem que o município prestou a dois vultos da cultura barrosã: José Dias Baptista e Barroso da Fonte. O pretexto foi a comemoração do meio século de vida literária que estes dois filhos da terra assinalam no corrente ano. Um momento carregado de simbolismo como fez questão de vincar o presidente da edilidade: «não esperava que os dois escritores barrosões fossem já tão vetustos. Comemoram 50 anos de uma vida dedicada à palavra, ao verbo e à escrita e faz todo o sentido que tenhamos para com eles um gesto de simpatia, ternura e reconhecimento fazendo do seu percurso o mote desta edição da Feira do Livro de Montalegre». Orlando Alves referiu que estivemos perante uma cerimónia simples o que não significou que não tivesse uma alta carga de «simbolismo». O autarca sublinhou ainda: «a circunstância de termos aqui o anterior e também o atual Presidente da Academia de Letras Transmontanas é muito enaltecedor e gratificante para quem organiza e para os homenageados». Daí que, acentue Orlando Alves, «foi um momento alto desta singela cerimónia» onde «foram deixados testemunhos e palavras surpreendentes que os homenageados irão levar para casa e recordar».


TIVERAM A PALAVRA


José Dias Baptista – Escritor homenageado


«Sinto um orgulho enorme de ser barrosão, de receber esta homenagem e ainda bem que há quem reconheça algumas qualidades nos barrosões. Durante todos estes anos destaco a apreciação que um grande academista fez sobre a minha poesia. Para além da investigação histórica e da história da literatura, desde o 15 anos de idade que a poesia ocupa um lugar na minha linha de escrita. Sou avesso a homenagens mas esta foi especial e gostei. Sinto-me orgulhoso e muito feliz por saber que o povo barrosão vai lendo a minha atividade».

Barroso da Fonte – Escritor homenageado


«Faço 50 anos de autor em livro. O primeiro foi "Neve e altura" e referia-se à região de Barroso. A Câmara Municipal de Montalegre foi simpática connosco. Somos dois autores da região e congratulo-me publicamente pelo apreço que mostraram em relação ao nosso trabalho. Nós e outros autores do concelho cumprimos um dever. Barroso não nos deve nada, nós é que devemos muito a Barroso. Estou feliz e irei continuar a cumprir o meu dever. Sinto-me satisfeito, também, por ver alojados, na Biblioteca Municipal de Montalegre, 70 coleções dos jornais regionais que ofereci e cujo valor real é de 35.000 euros».



Ernesto Rodrigues – Presidente da Assembleia Geral da Academia de Letras de Trás-os-Montes


«Já conhecia o Barroso da Fonte há vários anos. O José Dias Baptista foi uma surpresa completa, como poeta, historiador e contista. São dois nomes que reúnem história, ficção e poesia. Li o Barroso da Fonte enquanto poeta interessado em temas angolanos, da guerra colonial, o que para mim foi uma surpresa. Por outro lado, li José Dias Baptista enquanto poeta, com o pseudónimo Miguel Montes, mas também como contista na recolha de textos populares aos quais faz uma ligeira alteração. É um historiador, não só do Barroso mas de temas que vão para além desta pátria. O facto de eu vir a Montalegre traduz o apreço e a estima que lhes dedico».

Fernando Rua Castro – Presidente do Fórum Galaico Trasmontano


«Nós apoiamos os escritores e os jornalistas. Um dos autores, Barroso da Fonte, é associado do nosso fórum e temos acompanhado de perto a vida literária destes escritores. Era nosso dever homenagear estes vultos do Barroso».


Texto e fotos extraídos do sítio na internet da Câmara Municipal de Montalegre




quarta-feira, 3 de junho de 2015

V ENCONTRO DE ESCRITORES E JORNALISTAS - BOTICAS 2015

A bonita vila de Boticas acolheu dia 23 de Maio, uma boa meia centena de agentes da Cultura, da chamada região do Alto Tâmega. Um dia solarengo, com os montes a evidenciar as belezas arbóreas,  na sua plenitude campesina, com gorjeios melódicos da passarada que se misturam com os ruídos dos tratores agrícolas numa simbiose de saudade, de enlevo e de perfume.
 A Direção do Fórum Galaico-Transmontano, fundado em 5 de Dezembro de 2008 e com sede em Chaves, entendeu marcar o V encontro para o auditório do Centro Cultural Nadir Afonso. Nesse magnífico pólo dedicado ao imortal Barrosão, Nadir Afonso, se fez a receção e se pôde visionar a coleção de todas as edições do Jornal «Ecos de Boticas». No confortável auditório se ouviram oportunas palavras de boas-vindas do Presidente do Fórum-Galaico, Dr. Fernando Rua Castro e do Presidente da Câmara de Boticas Dr. Fernando Queiroga. Seguiram-se duas importantíssimas lições de sapiência. A primeira do sócio do Fórum Federico Justo Méndez que fez um resumo histórico sobre a «Vida e Origens de Viriato», guerreiro contra o exército romano que viveu 50 anos antes de Cristo e que nunca se soube, ao certo, se foi uma figura real ou mítica. As Gentes de Viseu reclamam a sua ligação à «Cava de Viseu». Este embaixador luso- galaico, tão conhecido como o chouriço de Barroso, veio dizer a Boticas que – afinal - Viriato terá nascido no castro de Groum «lugar situado a sul da Serra do Larouco Júpiter Saturno,  num lugar próximo de um arroyo que desagua em los nascientes del río Búbal». Viriato viria a ser assassinado, perto do local onde teria passado a sua infância. O texto integral dessa comunicação foi publicado na revista Fórum Galaico—Transmontano, nº 4, nesse dia distribuída pelos associados e posta à venda.





A confirmar-se esta versão, dois mil e tal anos depois de nascido, Viriato poderá corresponder a um autêntico guerreiro dos fins do império Romano, num lugar que na altura era dominado por esse Império, mas que hoje corresponde à fronteira entre Portugal e Galiza, ou seja: no sopé da serra do Larouco, entre Santo André, Gralhas, Solveira, Vilar de Perdizes e Gironda. Há dados seguros de que a Via XVII passava por Caladunum ou Ciade, vinda de Chaves, onde se fazia a  bifurcação para Braga, Lugo e Astorga.
 Outro tema que ocupa treze páginas desta última edição da Revista Fórum Galaico Transmontano tem a ver com duas dioceses que existiam, há 1700 anos, na região do Alto Tâmega e de que recentemente se restaurou uma: a Aquae Flaviae, para justificar a designação de um seu bispo titular: Dom Pio Alves de Sousa que ingressou na Diocese do Porto, como bispo auxiliar.
 Cerca de meio século antes de se fundar a diocese Flaviense que teve como único titular o famoso Bispo Idácio, existira a diocese de Beteca que foi criada antes da fundação do Reino da Galiza pelo rei Hermerico. Ao tempo recebeu o nome latino de Diocesis Betecensis e teve como bispo titular Sabino. Foi por volta do ano de 314. Menos de um século depois, apareceu o Bispo Idácio à frente do Diocese Flaviense (em 462). Em A Voz de Trás-os-Montes de 5 de Março de 2015, o Bispo Amândio Tomás, da diocese de Vila Real, alude a um convívio de sacerdotes das dioceses de Ourense e de Vila Real que decorreu no Santuário de Nossa Senhora dos Milagres. Nesse encontro de sacerdotes luso-galaicos afirmou: «este encontro de Padres das duas Nações e Dioceses vizinhas é inédito. Ajuda-nos a repensar a pastoral e estratégias, na senda dos evangelizadores, a ter consciência das necessidades das duas Dioceses. Evocamos com gratidão, a figura de Inácio de Límia, nascido cerca do ano 390, em Ginzo de Límia e falecido em Chaves em 470.





Nas 13 páginas deste nº 4 da Revista Fórum menciono, como autor, o livro «Patrologia Galaico-Lusitânia» da autoria de Dom Pio Alves que nas páginas 65-69 relembra o papel decisivo do Bispo Idácio que esteve na base do desenvolvimento da cidade de Chaves que há 1700 anos foi, com a congénere da Beteca (Boticas), o epicentro de um grande impulso evangelizante. Bem pode estender-se a outros, de nomeada como: Academia de Letras de Trás-os-Montes, Grupo Cultural Aquae Flaviae, Grémio Literário de Vila Real.
 Aludimos ainda à comunicação do Prof. Catedrático Telmo Verdelho sobre o papel da Língua Portuguesa. Uma aula magistral que agradou a uma assistência numerosa e atenta, proferida  a dez dias de distância da data de 13 de Maio que ficará na História necrológica como o golpe de misericórdia, pela entrada em vigor do  (des) acordo ortográfico para uso, no reino da Lusofonia.
 O fundador e Presidente do Fórum Galaico-Transmontano e a sua Equipa deram um passo decisivo no aprofundamentos dos objetivos deste organismo cultural que tem vindo a extinguir as portas que durante vários séculos fecharam as relações linguísticas, culturais, sociais e políticas entre povos que desde a Batalha de S. Mamede, em Guimarães, em 1128, até aos nossos dias, tantos estragos causaram a cidadãos de ambos os lados que pertenceram ao mesmo Reino (da Galiza), se entendem pela mesma língua, os mesmos usos e costumes e sempre puxaram pelos mesmos ideais de liberdade, da fraternidade e de progresso ibérico.
                                                                                            
Barroso da Fonte