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domingo, 15 de junho de 2014

IV ENCONTRO COM ESCRITORES E JORNALISTAS DA GALIZA, ALTO TÂMEGA E BARROSO

Quando no passado dia 31 de Maio nos dirigimos ao auditório da Casa da Cultura em Verín, para assistir a mais um Encontro com Escritores e Jornalistas, poucos poderiam prever a atmosfera que se criou em redor do evento, diríamos que todos ficámos envolvidos  por um sentimento muito forte, pois as excelentes intervenções dos conferencistas convidados e os temas escolhidos a esse desiderato levou.
As intervenções produzidas apelaram às origens galaico transmontanas da maioria dos presentes, e repassando diversos assuntos, neste contexto atual de dificuldades para a região e para a população, mesmo os presentes, estranhos ao nosso enquadramento geográfico, numa uma imagem tecnológica desta sociedade global, colocaria muitos likes, no retrato final após a participação no evento, e diríamos mais, até ganhou algumas raízes galaico transmontanas.
Os conferencistas convidados foram o arquiteto paisagista flaviense André Gomes Nascimento – “A nova paisagem do rio Tâmega” e o vizinho, de Mandín, investigador com interesse nalgumas áreas, coronel da Guardia Civil,  agora aposentado, D. Julio Alonso Miranda, com a apresentação “El tratado de limites de 1864 y sus consecuencias en la frontera galaico - transmontana.
Os temas debatidos, igualmente, caros a todos os galaico transmontanos desta região: o Tâmega e a fronteira.

O Tâmega: elemento de ligação. Um elemento natural, não uma barreira divisória, mas um elo agregador.
Tal como um ser vivo, tem demonstrado sinais de vitalidade, evoluindo de acordo com as exigências que o ser humano vai tendo, em função das suas necessidades. Como num relacionamento, em que existem altos e baixos, em parte pudemos constatar que o «nosso» rio vive tempos em que lhe é permitido prosperar e almejar tempos com alguma saúde. Quer dizer, é agora um elemento mais valorizado, com todas as implicações que daí decorrem.
Falou-se de paisagens, da evolução, das belas paisagens que o rio proporciona. O Tâmega, elemento transversal deste território, riqueza a todos os níveis (económica, ambiental, patrimonial, …); desde a veiga, às praticas associadas – agricultura, extração de areias, … atividades passadas, atividades do presente.
A sua valorização coincide com ligação afetiva que se estabeleceu entre a população e o rio, após a requalificação das margens; o rio foi oferecido à população, este click tem-se traduzido num efetivo ordenamento mais cuidado do rio e das áreas adjacentes.
Como consequência regista-se uma recuperação dos elementos naturais – o ecossistema Tâmega reage, mostrando uma exuberância que há muito não se via.
Após a intervenção excelente do arq. André Nascimento sobre as paisagens do rio Tâmega, prosseguiu o encontro com outra magnifica intervenção em nada inferior, sobre o tema do tratado dos limites e fronteiras.
A fronteira: elemento artificial, criação humana, destinada a estabelecer o poder e a criar mecanismos de controlo dos territórios e dos povos. Esta criação artificial dividiu, de facto, o que antes sempre houvera sido uno, um território e um povo irmão, o da velha Galaecia.
Recuperou-se esse imaginário de tempos idos, tempos que seria importante recuperar, numa união de sinergias desejáveis para estimular um futuro melhor para este território transfronteiriço. Insistiu-se na ideia de que um português na Galiza ou um galego em Portugal não são estranhos ou estrangeiros, são irmãos. A aposta na cultura será um caminho para esse desiderato.
O assunto do tratado de fronteiras levou-nos a debater o assunto. Dos registos desse tratado, coincidente com o ano do primeiro recenseamento geral da população, 1864, e com algumas ratificações posteriores, ficamos a saber que o tramo da fronteira galaico – transmontana foi dos mais complicados de delimitar, e a atestar o facto, a quantidade de marcos e o seu curto espaçamento, sem paralelo noutros locais raianos da fronteira hispano-lusa.
Este tratado que vem complementar tratados antecessores (Alcanices, Badajoz, …), surge da necessidade de regular situações que fugiam ao controlo das coroas portuguesa e espanhola. Inevitavelmente, falou-se do Couto Mixto e dos povos promíscuos.
O culminar desta última intervenção serviu para questionar o futuro deste território e desta população. Os indicadores de tendência apontam o declínio demográfico, económico e social.
Debateram-se estratégias e caminhos. Uma das ideias, passa por colher ensinamentos do passado e da nossa História comum, mesclar esse passado, apostar na união do bairro Norte e do bairro Sul, para incrementar argumentos, que possam ser usados na reivindicação da atenção e do investimento pretendido.

Uma palavra final para o Fórum Galaico Transmontano, que promoveu esta atividade. Está de parabéns, pelo enorme sucesso do Encontro, desde a qualidade das intervenções ao elevado número de participantes.
O Fórum Galaico Transmontano aproveitou a ocasião para a apresentação da Revista Fórum nº 3, tendo o presidente da direção, Fernando Rua Castro, desfiado as principais temáticas abordadas. Mais um número de excelente qualidade.
Ainda uma palavra de agradecimento para as autoridades máximas do concello de Verín, na pessoa do alcalde D. Juan Jiménez Morán, e de seus vereadores que muito nos honraram com a sua presença. Também louvamos a participação de imensos associados do FGT dos dois lados da fronteira e de outras pessoas da cultura que demonstraram interesse em participar neste evento.

O programa não ficou completo sem um repasto, passe a publicidade, de grande qualidade, no restaurante Zapatilla, em Verín, e uma visita, igualmente, proveitosa à nascente do rio Tâmega.